domingo, abril 19

Cinema: Manuel Guimarães- Uma Vida Censurada

Manuel Guimarães nasceu em Albergaria-a-Velha no ano de 1915. A sua carreira de cineasta destacou-se entre outros profissionais da altura da mesma arte pela tentativa de introdução do neo-realismo nas suas obras muito censuradas.

Após ter concluído o Curso Geral de Liceus, em 1931, frequentou o Curso de Pintura na Escola de Belas Artes do Porto. A partir de 1936 Manuel Guimarães dedica-se como decorador teatral, ilustrador e caricaturista. Foi como desenhador de cartazes para o cinema, assinando como “Magui”, que se apaixonou pela 7ª arte. Assim começou a trabalhar como assistentes de outros importantes cineastas como Manoel Oliveira, António Lopes Ribeiro, Jorge Brum do Canto, Armando Miranda e Artur Duarte, em 1942.
A sua primeira obra foi um documentário de curta-metragem “O Desterrado”, em 1949, sobre a vida e obra do escultor Soares dos Reis. Esta sua primeira obra valeu-lhe o Prémio Paz dos Reis atribuído pelo Secretariado Nacional de Informação. Entusiasmado pelo prémio realizou a sua primeira longa-metragem “Saltimbancos”, em 1951, adaptada da obra de Leão Penedo.

Em 1952, tal como Leitão de Barros, realiza o filme “Nazaré”, no qual teve a participação de Alves Redol, baseado na vida de uma vila piscatória de Nazaré, mas com uma perspectiva mais social. Contudo, a Censura põe em acção o seu lápis azul cortando diversas cenas. Todavia, o filme “Vida sem Rumo”, em 1956, sofreu graves cortes, ficando cerca de metade do filme cortado tornando cenas incompreensíveis.


Querendo continuar as suas obras, Manuel Guimarães faz incursões pelos documentários, como “As Corridas Internacionais do Porto”, em 1956, “O Porto é Campeão”, em 1956, e “XXX Volta a Portugal em Bicicleta”, em 1957. Realizou também “A Costureirinha da Sé” no ano 1958, que teve pouco sucesso e tendo carácter de publicidade de certas marcas como muitas outras obras de Manuel Guimarães.
A carreira do cineasta Manuel Guimarães foi marcada pelos documentários realizados por si, apresentando obras de cultura portuguesa como “O Ensino das Belas Artes”, 1967; “Tapetes de Viana do Castelo”, 1967; “António Duarte”, 1969; entre muito outros.

Com a chegada da “Revolução dos Cravos” e consequentemente a abolição da Censura, uma nova luz aparece na vida e carreira de Manuel Guimarães. Porém, a luz depressa murcha. O cineasta adoece gravemente, acabando por morrer em 1975, deixando “Cântico Final” (titulo que poder caracterizar a sua última esperança), fica por concluir, sendo o seu filho Dordio Guimarães essa tarefa.

Apesar da sua morte, ficou a sua vontade de introduzir novos conteúdo na sétima arte portuguesa. A sua obra ficará e consigo a sua carreira impedida de avançar e brilhar ainda mais!

Filmologia

O Desterrado - 1949
Saltimbancos - 1951
Nazaré - 1952)
Vidas Sem Rumo - 1956)
As Corridas Internacionais do Porto - 1956)
XXX Volta a Portugal em Bicicleta - 1957)
O Porto é Campeão - 1956)
A Costureirinha da Sé - 1958)
Barcelos - 1961)
Porto, Capital do Trabalho - 1961)
Bi-seculares - 1961)
Crime de Aldeia Velha - 1964)
O Trigo e o Joio - 1965)
Artes Gráficas - 1967)
O Ensino das Belas-Artes - 1967)
Porto, Escola de Artistas - 1967)
Tapetes de Viana do Castelo - 1967)
Tráfego e Estiva - 1968) - primeiro filme português em 70mm
António Duarte - 1969)
Fernando Namora - 1969)
Resende - 1969)
Viagem do TER / Expressos Lisboa-Madrid - 1969)
Areia, Mar - Mar, Areia - 1970)
Cântico Final – 1976 (terminado pelo seu filho)

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